Agência Minas Gerais | Projeto Montanhas dos Muriquis fortalece conservação de primatas ameaçados na Serra do Brigadeiro na Zona da Mata

17 de agosto de 2025 Off Por admin

No coração da Zona da Mata mineira, o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), abriga uma das maiores populações conhecidas de muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), o maior primata das Américas e também um dos mais ameaçados do mundo. Para proteger essa espécie emblemática da Mata Atlântica, o projeto Montanhas dos Muriquis desenvolve ações integradas de pesquisa, monitoramento e educação ambiental, envolvendo diretamente as comunidades do entorno da unidade de conservação.

 

 Leandro Santana Moreira / Muriqui Instituto de Biodiversidade

Com pouco mais de mil indivíduos estimados na natureza, o muriqui-do-norte está classificado como criticamente ameaçado de extinção. No parque, vivem cerca de 327 exemplares distribuídos em pelo menos 12 grupos sociais. A sobrevivência da espécie depende da preservação dos fragmentos florestais da região.

Coordenado pelo biólogo Leandro Santana Moreira, do Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB), o projeto realiza expedições mensais ao interior e entorno do parque, utilizando drones, armadilhas fotográficas em dossel e sistemas de geoprocessamento para mapear os grupos de muriquis, estimar populações e identificar ameaças.

Também são localizados indivíduos isolados em áreas externas à unidade, visando propor estratégias de manejo que favoreçam a recuperação de outras populações.

A equipe ainda adota métodos não invasivos, como a coleta de fezes, para análises genéticas. Essas informações ajudam a compreender a diversidade e a saúde da população, orientando ações de conservação mais precisas.

Conexão com as comunidades locais

Um dos diferenciais do Projeto Montanhas dos Muriquis é o trabalho de sensibilização com moradores da região. Por meio de caravanas educativas, visitas a escolas e reuniões com lideranças comunitárias, o projeto apresenta informações sobre os muriquis, a importância das unidades de conservação e alternativas sustentáveis para o uso dos recursos naturais. Materiais didáticos, livros infantojuvenis e vídeos educativos são utilizados para ampliar o alcance das ações.

“Mais do que proteger uma espécie, o projeto busca fortalecer o vínculo entre natureza e sociedade. Os muriquis, que simbolizam equilíbrio e cooperação, nos mostram que conservar é também cuidar das conexões”, afirma o biólogo Leandro Santana Moreira.

 Leandro Santana Moreira / Muriqui Instituto de Biodiversidade

Importância estratégica das áreas protegidas

Para o gerente da Gerência de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do IEF, o biólogo Edmar Monteiro, a iniciativa reforça o papel estratégico das áreas protegidas. “As unidades de conservação não são apenas refúgios de biodiversidade, mas verdadeiros laboratórios a céu aberto, onde ciência e gestão ambiental caminham juntas. Cada pesquisa realizada nessas áreas contribui para aprimorar o manejo, embasar políticas públicas e garantir que a riqueza natural de Minas Gerais seja preservada para as futuras gerações”, destacou.

Com a combinação de ciência, tecnologia e participação social, o Montanhas dos Muriquis se consolida como um exemplo de inovação na conservação da biodiversidade da Mata Atlântica mineira e no fortalecimento das unidades de conservação como espaços de pesquisa, educação e preservação.