Posto Territorial do Porto do Capim está aberto para receber moradores às terças e quintas-feiras

23 de agosto de 2025 Off Por admin

As principais dúvidas levadas ao Posto Territorial, no Porto do Capim, bairro Varadouro, são voltadas para como serão as novas habitações na comunidade. O Posto é mais uma etapa do projeto Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), na modalidade ‘Periferia Viva – Urbanização de Favelas’, do Ministério das Cidades, com investimento acima dos R$ 100 milhões, resultado de uma parceria entre a Prefeitura de João Pessoa e o Governo Federal. As dúvidas da comunidade podem ser sanadas no Posto (instalado no antigo galpão Leo Madeiras), as terças e quintas-feiras, horário comercial.

João Batista, de 56 anos, que nasceu no Porto do Capim contou que mora com a família em uma casa na área ribeirinha. Segundo ele, quando chove muito e a maré sobe as águas do Rio Sanhauá chegam bem próximo a porta de sua casa. “No Posto Territorial eles explicaram como vai proceder o projeto e as nossas opções de moradia. Acredito que a gente vai ter que se mudar porque moramos bem perto do rio, mas a gente não tem interesse de sair daqui. Vamos vendo quais as propostas daqui pra frente”, disse.

 “Eu acho o projeto bonito, mas pelo meu gosto, eu não saio do meu lugar. Porque eu gosto daqui. Eu vi tudo isso aqui se transformar. Aqui criei meus filhos, vieram os netos e bisnetos. Aqui todos se conhecem. Somos uma família”, disse a comerciante Ednalva Gomes, 61 anos, nascida e criada na comunidade. Na sua mercearia viu a comunidade crescer e mudar várias vezes de cenário.

Sua filha Renata Gomes, também moradora da comunidade, compartilha das apreensões da mãe. “Nós ouvimos sobre o projeto e ficamos apreensivas porque moramos aqui a vida toda. Mas as propostas de habitação são boas e vamos acompanhando para ver qual será a nossa melhor opção futuramente”.

A engenheira civil da Secretaria de Habitação de João Pessoa (Semhab), Suenne Barros, responsável pelo Posto Territorial, ressaltou que o programa oferece diversas soluções habitacionais para as famílias que vivem em áreas de risco. Entre elas estão a relocação dentro da própria comunidade; a transferência para o Residencial Rio Sanhauá; a modalidade de Compra Assistida — na qual o beneficiário pode escolher onde deseja morar em João Pessoa, até o limite de R$ 115 mil, além da possibilidade de reforma e da entrega da titularidade (regularização fundiária) para as casas que permanecerem no território.

“Todas as decisões serão tomadas em conjunto com a comunidade, antes disso, serão realizados estudos técnicos para identificar as áreas que efetivamente apresentam risco e que, portanto, necessitam de intervenção com relocação”, explicou Suenne Barros.

Pescadores – As atividades dos pescadores também trazem dúvidas aos moradores. Maidir Rocha, também da Secretaria de Habitação, destacou que várias sugestões foram encaminhadas pela categoria, a exemplo de melhorias na infraestrutura local visando facilitar o trabalho dos pescadores, como local para guardar os barcos, além da instalação de rampas para o embarque e desembarque das embarcações e atracadouros.

O pescador Cosme de França, de 75 anos, mora no local desde 1981 quando se casou. “Eu não vou dizer que não tenho vontade de sair, ter uma vida melhor, mas a minha preocupação é onde vou colocar minhas coisas de pescaria e os barcos, meu e dos meus filhos. Se eu for pra um apartamento onde vou colocar meus negócios de trabalho?”.

Segundo Maidir Rocha, o projeto ‘Periferia Viva’ prevê a construção de uma caiçara na área ribeirinha, que é um local adequado para guardar os barcos e os equipamentos utilizados pelos pescadores, tanto na atividade de pesca como no turismo local. Também estão previstas a construção de vários píeres nas margens do rio, que são estruturas utilizadas nas áreas marítimas e fluviais para facilitar o acesso às embarcações.  

Posto Territorial – O projeto Porto do Capim foi anunciado em 2024, mas o debate com a população local vem acontecendo desde o ano anterior. “O Posto é mais uma etapa do projeto e está funcionando como um escritório para atender os moradores, comerciantes e pessoas que têm empreendimentos no bairro, esclarecendo dúvidas e coletando sugestões para, na medida do possível, incorpora-las ao projeto original”, destacou Maidir Rocha.

“Inicialmente o espaço vai funcionar com plantões da Secretaria de Habitação de João Pessoa, duas vezes por semana, terças e quintas-feiras, até a contratação da assessoria técnica, que também faz parte do escopo do programa. Essa assessoria vai ficar em tempo integral, em horário comercial, fazendo os trabalhos com a comunidade – trabalho social, trabalho de escuta, de ouvir as necessidades dos moradores. O espaço foi cedido pela SPU. É um espaço amplo, que estamos estudando a possibilidade de abrir para desenvolver outras atividades com a comunidade”, explicou.

Revitalização – O projeto de urbanização do Porto do Capim faz parte da implementação do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e prevê alterações urbanísticas, ambientais, habitacionais e sociais. Caberá a Prefeitura de João Pessoa intervenções também nas comunidades contíguas de Vila Nassau, XV de Novembro, Curtume, Frei Vital e Papelão. Serão beneficiados em torno de 2 mil moradores carentes de infraestrutura básica.